10/05/2010

História do rugby na Moita



História do rugby na Moita

Melhor do que ninguém, o Rugby apresenta-se como a entidade que detém as maiores credenciais curriculares, para indiscutivelmente, ele mesmo, fazer a sua própria narrativa.
Assim, propusemos-lhe uma entrevista com as questões que na nossa perspectiva serão as prioritárias, e também, as mais pertinentes e ouvimos tudo o que delas havia para dizer pelo (próprio) “Sr. Rugby”:

Como é que o Sr. Rugby surge numa aldeia como a Moita?
Realmente é uma pergunta pertinente. Sendo a Moita uma aldeia bem da provincia beirã nada fazia prever que cá viesse parar. Sobretudo se tivermos em conta que sou um desporto tradicionalmente universitário.
Tudo aconteceu por volta de 1975 quando alguém, depois de ter assistido e até participado num dos meus jogos, ficou entusiasmado com as minhas regras e teve a ideia: Porque não criar uma equipa na Moita.
Depois foi só transmitir essa ideia e esse entusiasmo a mais 3 ou 4 colegas e eis que eu surjo ( ainda como esboço ou uma ideia, simbolizando não mais que um desejo), mas a base estava lançada. Afinal eu tinha sido escolhido para tentar unir os jovens desta maravilhosa aldeia que até aí nada tinham para os ocupar conjuntamente. E essa era uma necessidade latente que me pareceu na altura, todos se aperceberem. Era necessário tirar os miúdos da rua, juntá-los e responsabilizá-los com algo mais que as brincadeiras com fisgas, os arcos, os botões ou as cartadas no pinhal para ver quem ganhava mais rebuçados na lerpa, que na altura custavam meio tostão cada um.
Penso que nessa altura qualquer um podia ter ocupado esse espaço, essa necessidade. Mas foi de mim que eles se lembraram e ainda bem que assim foi, porque modéstia à parte, não podiam escolher melhor. Se sou conhecido nos meios desportivos é exatamente pelo meu espírito de união, de camaradagem e sobretudo de grande amizade.
Como foi recebido?

Ainda bem que me pôem essa questão, porque nem eu próprio parei para pensar nisso. Já lá vai bastante tempo e os factos foram acontecendo sem paragem, duma forma evolutiva, que não permitiam que parasse para recordar esses primeiros tempos.
Lembro-me que no ínicio fui muito mal tratado. Não existia nada do que era minimamente necessário. Ninguém nessa altura sabia nada a meu respeito cá na Moita, a não ser o que aquele rapazinho tinha visto ou ouvido falar. Ainda bem que, exatamente nesse periodo, a Direcção Geral dos Desportos tinha orientações para fomentar e apoiar o Desporto Juvenil, principalmente as novas modalidades. Foi aí que arranjaram os primeiros livrinhos de regras, os primeiros cartazes a meu respeito e principalmente as primeiras bolas ovais.
Eu sei que me vão dizer que eram bolas rudimentares com um tamanho reduzido e material nada apropriado, mas não deixavam de ser bolas e o formato afinal era o mesmo.
Relativamente ao espaço foi mais complicado. Era necessário um campo para me poderem praticar e era coisa que na Moita não existia.
No inicio foram obrigados a utilizar campos de cultivo onde há bem pouco tempo tinham cortado o milho da última sementeira ( coisa a que eu não estava nada habituado ). De seguida treinavam num recreio duma das escolas primárias cá da Aldeia, que ( sendo já bastante pequeno ) tinha um muro a dividi-lo , tornando um campo com dimensões reduzidas em dois minusculos, onde treinavam sem quaisquer condições.
Mas era assim que aquela meia dúzia de jovens construía aos poucos uma equipa. Eu notava que a sua ambição era conseguirem a curto prazo fazer um jogo.

Após este periodo conturbado que é que o motivou a continuar cá?

Tal como lhe contei atrás, era bem vísivel aquela ambição de formarem uma equipa. E foi exatamente essa inegável vontade que me entusiasmou também a mim e dicidi fazer a caminhada com aqueles miúdos.

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