31/08/2012

Cultura MR* :')



Faz 10 anos que entrei na casa que me tornou em muito da pessoa que sou hoje. 10 anos. Fogo.

Não foram 10 brilhantes anos desportivos, é certo mas psicologicamente, em muito contribuíram para o meu desenvolvimento como pessoa, como membro de uma equipa e como um cidadão do mundo. Eheh (pareceu-me bonito dizer isto, como se eu fosse um cidadão, gosto mais do termo bandalho).

Voltando ao assunto,

O ano que entrei para o rugby é certamente um dos anos mais difíceis que tive porque até chumbei de ano. Sim, não era grande aluno até chumbar. Gostava mais de dormir e essas atividades de sonho tais como dormir e dormir. Isso sim.
Nesse ano de 30 rapazes na turma tive a sorte da maioria jogar rugby e eu, demasiado gordinho e com o banco assegurado no futebol, decidi experimentar. E passaram 10 anos desde então. Que 10 belos anos.

Vários dedos partidos, tíbia, perónio, roturas totais de ligamentos e mais uma carrada de maleitas que passaram por este corpinho de deus fizeram destes 10 anos um osso duro de roer mas e depois? O que não nos mata certamente nos torna mais fortes.

Conheci gente que nunca mais irei esquecer, “os velhotes” como lhe chamava eram de sonho. Com aquelas barriguinhas e alguns sem cabelo, foram eles que me apadrinharam a minha entrada no clube, com bastantes carolos, cachaços, bilhardas, socos nos rins, bastantes nódoas negras é certo, mas com muito “reibe” no pelo, dava gosto pertencer à equipa. Eles conseguiam beber garrafas e garrafas de tinto no almoço antes dos jogos, comer rojões, comer feijoada e dobrada, entrecosto, e milhares de outros atentados ao coração e mesmo assim ir jogar, dar umas belas frutas, e espalhar aqueles rasgos de manhã que só um cão velho sabe. Era brutal. E eu a correr atrás deles. Passaram 10 anos. Levar no pêlo fez me muito bem.

Hoje, já quase não há velhos. O mais rijolas é o atual mister é certo e de vez em quando ainda solta umas landuchas no treino, para matar o vicio. Muito mudou no clube, agora temos um plano, do qual tenho o prazer de participar, com miúdos prestes a chegar à equipa na “idade certa” e não com 15 anos como eu. Muitos deles não irão ter o prazer de ter um velho a espancá-los, por isso darei o meu melhor na passagem dessa cultura tao nossa, tão Bairrada, que não pode perder-se por nada.

Que venham outros 10 anos, com tantas mocadas, com menos lesões é certo, mas que venham. Quero jogar neste clube carregando um bigode branco e cabelo à Zidane ou, como na Moita, à Miguel Lacerda! Esse é o objetivo!

Inté,

Pinipon.

Arregaita :)



Então vamos lá,

Passados os anos intensos de bebedeiras e de massa com atum que faz uma pessoa que já é meio velha para essas super loucuras mas demasiado nova para ser adulto?

Hum, boa questão!

Para tal, penso ser necessária uma pequena avaliação de perfil.

Ainda gostas muito de álcool, mesmo que a sua ingestão signifique 5 dias de má disposição? Hum, já nem tanto.

Ainda gostas de iscas? Sim, certamente.

Os amigos rurais, como estão? Estão longe, e os melhores já mal falo com eles, mas sinto uma falta desses caralhos que até mete fastio.

Ainda gostas de massa de atum às 6,30 da matina? Sim, certamente.

Discotecas, como é isso? Hum, sem grande paciência para altas gritarias.

Ainda gostas de picapau? Sim, certamente.

Espancar o melhor amigo quando ele menos espera? Epa, sim, aquelas pancadinhas nos rins que agora provocam uma pequena dor mas daqui a 12 anos te levará a estar ligado à máquina.

Amigos, como podem ver, isto no campo da alimentação e do espancamento continua basicamente igual, se bem que num registo mais calmo e tal porque agora até já aparo a barba de 15 em 15 dias. Sempre tive alto cuidado nisso, quando estiver a fazer nó e a cheirar a cadáver, a hora de passar sabão azul chegou. Isto são importantes lições que estou a relatar, pelo que deveriam tirar notas.

Para já é isto,

Até breve,

Diogo Carlos.

27/08/2012

Graciete graciete, o tempo passa e a vida não avança.



Graciete graciete, o tempo passa e a vida não avança.

Tempos de cócó aqueles que presenteiam no momento. Sem trabalho, rugby e cotão nos ouvidos, a vida é tranquila demais para estes lados. Com a tese que não anda nem desanda, não consigo despachar isto!

E um gajo sem muito com que se entreter começa a pensar em merdas e isso nunca dá bons resultados! Começa-se a ficar com saudades de tudo, a ver os amigos a andar e nós parados, epa.

É complicado.

O que vale é que o rugby está quase quase a chegar e ao menos assim sempre posso ir batendo em alguém, o que recomendo, a todos os que estiverem a sofrer do mesmo problema.

Será isto?
http://caiobraz.com.br/sindrome-dos-20-e-poucos-anos/


Também pode ser de não tomar banho faz dois meses e 28 dias eheh

Abracinhos de saudades e tal,

Diogo Pini

10/07/2012

Assim fica complicado sobreviver!



Que saudades do caralho malta!

10/05/2012

Ricardo Humberto escreve-nos no seu Aniversário

Há muito muito cabelo atrás numa terra nada longinqua estava a entrar na ESTT um jovem parolo da aldeia, EU.

Foram 5 anitos com algumas pripécias, strip na Look, calças mijadas pelo Pini, sesta no jardim Bombeiro, uns vómitos de leitão nas escadas do parque ao pé do cinema, alguns tralhos na neve depois de ir á Cabeça da Velha, sestas matinais no pinhal da escola entre outras pequenas coisas e outras coisas que já se varreram da memoria.

Considero este tempo como de 5 anos de aprendizagem , aprender que ir nas cantigas de pessoas como, o Diogo Pini, João Lindim, Rui Vaskinho, Pedro Estevães, Paulinho, mais uns quantos manfios que sabem quem são e até mesmo o André Pereira, 99% vai dar MERDA!Contudo também me foi possivel descobrir a formula para curar problemas similares á anorexia, problemas de ser magros e tal. Para casos mais simples um "Arrozinho de Pizza á Diogo Pini"e para casos mais graves "Massas de Merda á Boni" cijo ingredientes principais seria tudo o que estivesse á mão!!

Actualmente encoontro-me ainda por Seia e estas gentes estao separadas cada um para seu canto com os seus empregos! Foi uma gente que marcou, fizeram de mim uma pessoa mais estupida mas também mais feliz.Conclusão, estes 5anos mudaram a minha pessoa e reforçaram algumas caratisticas.

Por exemplo deixei de ter cabelo e continuo um parolo da aldeiaAbraço a todos e até á próxima jantarada!

Boni, Bonifácio, Bóne, Humberto, bla bla bla

Parabéns Boner :)

08/04/2012

O meu quintal :)



Tenho 24 anos, sou gordinho e gosto de usar bigode. Bom, até aqui nada de novo mas antes dos 24 anos, o pipo da cervejola e do espampanante moustache já fui um gaiato pequeno, de cabelo à tigela e que se vestia de mulher no carnaval.

Hoje escrevo para vos falar do meu quintal. Não, não era o sítio ideal para se fazer o novo aeroporto da horta mas era um excelente quintal, situado na casa dos meus avós, sitio onde vivi até aos meus 17 anos.

Era um sítio brutal, onde passava horas de brincadeira, com arvores e muros para trepar e brincar com carros, para comer musgo e outras tantas coisas de sonho. Era uma casa com quintal cheia de vida, ideal para um pequeno gordinho crescer, longe da playstation e das petazetas que fazem rir.Hoje, dia de páscoa voltei lá para a natural celebração que o dia impõe. Como a freira que visita a casa com a cruz gosta de cantar e dizer parvoíces durante minutos sem fim decidi dar um giro pelo meu quintal, antiga walt Disney do mundo rural.

Epa custou me comó caraças.

O que antes estava lindo com tudo e mais alguma coisa para se fazer estava resumido a ervas, muros no chão, cacos e mais cacos. É triste quando regressas à tua casa de partida e ela não é mais que um amontoado de pedras. Todo aquele espaço que me acolheu e protegeu de tanta porcaria à volta era agora não mais do que um terreno quase totalmente abandonado, tirando as alfaces que a T´Mavília ainda planta para comer.Deu para reflectir um bocado, pensar no passado e ter noção de que muitos rapazolas não têm hoje a sorte de ter um quintal como eu tive, tirando uma quinta no farmville.

Mas no Facebook as ortigas não picam, o vento não sopra pelas arvores e não da para fazer xixi nas flores.

È uma vida que vai passando!

Um abracinho,

Diogo Pini

14/03/2012

Quem sou eu? Eu sou o que tu vês, depende é dos teus olhos*

07/03/2012

As sessões de mocada no MR



As sessões de mocada no MR.
Lá para os lados da Bairrada mais propriamente na pacata Aldeia do Rugby, o mister Landuchas e o seu fiel amigo Rui Adriano tem levado os seus fieis amigos a belas sessões de intenso contacto físico ou, como se diz na gíria do reiba, sessões de mocada à moda antiga.

Eu, como fiel adepto do sururu não poderia gostar mais deste tipo de treinos que colocam o físico e a capacidade de defesa (que ainda me falta) à prova e que nos leva àquelas nódoas negras de sangue, arranhões intensos e muita rizada. Estes momentos são também muito bons para dar frutinhas nos mais rápidos pois estes não tem por onde escapar, podendo nós as “pequenas bestas” vingarmo-nos do ano todo a correr atrás dos atrasados.

E porque no próximo sábado há um jogo crucial para todos nós, a aplicação de todos nestas sessões será o mote e o motor para trazermos a vitória de Vila Real.

Viva ao MR, viva ao cacete nos rins *

Diogo Pini

26/02/2012

Continuar a andar em frente*


“Não se trata do quão forte consegues bater, trata-se do quão forte te batem e te consegues levantar e seguir mesmo assim.”

"O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte."

"A força não provém da capacidade física e sim de uma vontade indomável."

"Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos."

Nos momentos de baixo astral, fraqueza, menos confiança e cenas do camandra, é destes quatro pilares que me tenho socorrido para ultrapassar meta e meta.

A vida tem me levado a estar afastado dos meus amigalhaços, daqueles com quem fui muito feliz, que estavam sempre lá e que fizeram coisas por mim que mais ninguém faria e que nunca conseguirei agradecer porque foi, de facto especial. Tenho entendido que tudo isto é uma caminhada necessária para se chegar a uma meta que nem nós sabemos bem qual é ainda. Mantenho a esperança de um dia conseguir ultrapassar esta fase mais ausente de vós e poder dedicar o tempo que merecem e que nunca devia ter deixado de existir*

A minha próxima meta é chegar a 3a feira e voltar a poder dar cacetes e libertar toda a raiva contida. Esperemos que sim*

Abraço,

Diogo Pini

10/02/2012

Regresso à casa mãe


Regresso à casa mãe

Não, isto não é mais um chato texto sobre o regresso em que os jovens que regressam da universidade voltam a casa porque não conseguiram engravidar nenhuma mula em tempo adequado. Cambada de aselhas.

Este é só mais uma breve recordação do espaço que contribuiu decisivamente para a minha formação enquanto cidadão, enquanto religioso (tantas vezes que rezei para sair de lá direitinho), enquanto rapaz preparado para as dificuldades da vida (querer pegar em 1,25€ para comprar um pratinho de iscas e não ter, tendo de pedir a amigos sob o pretexto do “para a próxima pago eu”).

Falo, como é óbvio, naquele templo chamado “Casa de Petiscos A Caverna”, local de peregrinações diárias de 2007 a 2010 por jovens frescos e cheios de força, acabados de sair da asa da mãe, a entrar para o mundo real, um mundo onde a chouriça, o queijo e o tinto parecido com gasóleo são reis.

Que belo espaço aquele de 2,5 metros de comprimento, 1, 80 metros de altura e alguns centímetros de largura. Teve depois de sofrer algumas obras devido ao facto de os nossos pipos terem crescido bastante.

Era a nossa referência! Era o palco dos nossos encontros filosóficos (ao fim de 5 minutos já toda a gente reflectia sobre o facto de não sentir as pernas). Era a casa mãe dos jovens a quem a vida não valia a pena se não fosse acompanhada de um copo de tinto e uma rodela de chouriça. O Sr. Carvalho (gerente da ermida) por vezes, depois de chegarmos ao destino, dava se ao luxo de fechar as portas connosco lá dentro porque para além do dinheiro não ser tudo na vida, depois de a malta apostólica chegar ao pequeno recinto o cachet diário do Caverna estava feito. Era até não haver uma fatia de broa, um pingo de molho e uma patanisca que sobrasse. Coisa linda.



Foi este bonito estabelecimento que contribuiu para a evolução do estatuto de gordinho para obeso. Que se lixe, as iscas valeram a pena!

O Caverna permitiu também para o nosso restrito grupo manter antigas tradições, tais como o assar de enchidos no porquinho de barro, assar o Pedro Estevães no forno a Lenha, entoar belas cantigas de amor, entre tantos outros momentos de destaque.

O Caverna tinha também o engenho de, apesar das suas reduzidas dimensões, se transformar num interminável labirinto devido ao facto de muitas vezes, ao fim de umas trolitadas de “Sem chumbo 95”, perderes a noção donde estavas e de como de lá saíres. Verdade. Lembro um momento em que levei um colega de fora a jantar no estabelecimento e ao fim de 5 ou 6 minutos já não o conhecer, tal era o bagaço ingerido pela minha pessoa.

O caverna era por isso a típica casa portuguesa. Isto porque te acolhia como um filho e só te deixava de lá sair para o mundo quando estivesses graúdo e com pelos no peito.

Impedia também que os hábitos rabetas dos meus colegas viessem ao de cima, e conduzindo-os no caminho certo do gostar de mulas, pois só um homenzinho com H é que conseguia passar ali uma jornada diária firme e hirto, os rabetas não aguentavam a pedalada.

Devido a este amontoar de episódios é que eu defendo a canonização do Caverna como lugar santo! Tantos os devotos que fez e formou para a vida.
“Havemos de voltar”

Um brinde ao Caverna,

Diogo Pini

01/02/2012

O lado Bom de voltar ao escudo



Portugal está em crise e a possibilidade de voltar ao escudo é cada vez maior.
Mas está em crise porquê?

Porque o Sporting não ganha? Também.

Porque a pena de morte não é permitida a quem participa em orgias sexuais violentas com homens como o José Castelo? Também.

Porque o mau dos carros velhos é que custam pouco ao inicio mas depois custam o dobro na manutenção? Talvez.

Porque o Yanick Djaló que toda a gente chamava de tosco de repente virou craque? Também mas isso é só porque toda a gente tem palas e só vê vermelho, tal e qual os touros.

Porque as raparigas começaram a aderir à geração de 80 e agora também usam bigode? Muito possível.

Porque apesar da madeira ter um buraco financeiro maior do que o do Benfica (sim, apesar de serem os dois gigantes o da Madeira é maior) as pessoas elegem sucessivamente os mesmos corruptos? É uma ideia.

Não encontro uma resposta exacta para tal.
Ideias?

Factores positivos:

RESPOSTA: Porque vamos poder voltar a dizer:”empresta-me aí 250 mil reis”.


Ps, topem a qualidade desta rima:

Eu era um poeta,
e nao sabia,
agora vou fazer rimas de classe mundial
todo o santo dia.


Não era mesmo isto a cena do momento?
ya, era isto que faltava ao vosso dia,


ahahahahh

Diogo Piner, rei da miner

30/01/2012

Soldados da Fortuna – B.A. Baracus



Soldados da Fortuna – B.A. Barracus

Quem nunca quis ser um membro dos Soldados da Fortuna ou na sempre cómica versão dobrada em brasileiro “Esquadrão Classe A”? De sonho.

O kit era engraçado mas não tinha um cidadão de raízes africanas que em 90% das suas frases dizia “Sucker”. E mais, compreende-se perfeitamente o porte físico do rapazola de nome B.A. Baracus (vou escrever BA para poupar os pontos) pois só com muito ginásio é que se conseguia carregar os quilos de bijutaria que ele exibia. No presente temos assistido cada vez mais a assaltos a ouro cá em Portugal, pelo que, como sugestão minha, fica a ideia de os assaltantes claramente não estarem a fazer um bom trabalho de prospecção. Um assalto ao BA e tinham a vida feita. Até dava para irem aos 15 dias para a Praia da Tocha. Fica a ideia.



Por outro Lado BA era ainda muito educativo pois era um rapazola era menino para beber aos jarricãs de leite de penalte. Parecia querer transmitir a seguinte mensagem:

“Meninos, se quiserem crescer, ficarem mais escuros, ter uns braços que parecem pinheiros, carregar 30 kilos de loiça ao peito, um cabelo com muito estilo e poderem dizer asneiras (sucker) de forma fixe bebam leite!”
Era uma personagem de sonho.

E a Van que ele conduzia? Quem nunca quis ter uma carrinha daquelas com letras nas rodas? Só não desejou ter um bólide daqueles quem claramente preferia ver os Tele-Tubbies e ver a Lala a fazer tartes. Esse nicho de gente com esses “gostos especiais” claramente se distingue no presente devido aos seus “gostos” devido ao facto de gostarem de homens robustos como namorados (João Lindim).



Deixando as paneleirices de lado (João Lindim) e voltando aos homens a sério Diogo Carlos e BA Baracus), devo constatar descobri que ter medo de aviões não é mariquice mas sim de homem. Senão constatemos, o BA, que virava aos 15 maus da fita de cada vez também se recusava terminantemente a viajar de avião. E nem sequer fez a viagem de Lisboa para os Açores numa caixinha de fósforos/ touro mecânico aqui como o campeão.

E agora anda a vender snickers a conduzir um tanque! Carreira de sonho, digo eu :)

Basicamente o intuito da mensagem foi afirmar que eu, Diogo Carlos e o BA somos dois reis do Mundo, pelo que deveríamos ser carregados a ombros pelos demais. Enquanto isso não acontece terei de ir pondo gasolina no meu Clio.

Inté,

Diogo Piner, rei da miner

20/01/2012

A história do estagiário André.

25 de Dezembro. Foi o último dia do André na redacção. Sentou-se à mesa, no bar, como se fosse ficar ali para sempre. Como se aquela fosse a sua casa. Como se a dedicação e o brilhantismo de seis meses de estágio fossem suficientes para garantir um lugar entre nós.

O André foi o melhor estagiário que passou por aquela redacção desde que cheguei. O André trabalhou dia e noite, fez sábados, domingos e feriados. Dispensou folgas, esqueceu horários, correu, transpirou, apanhou chuva, frio e voltou sempre com aquele sorriso de quem ama o jornalismo. O André fez reportagens brilhantes: entrevistou ministros, pescadores, sem-abrigo, artistas de circo, sempre com o mesmo rigor, a mesma dedicação, o mesmo profissionalismo. O André aprendeu a editar, a legendar, a sonorizar e a escrever como poucos. O André será um grande jornalista deste país, se o país deixar. O André foi-se embora no dia de Natal, depois de mais uma jornada de intenso trabalho na redacção. Acabou o estágio.

A crise. A crise. A “crise diz” que não há espaço para o André numa empresa com nove milhões de lucro. O André não é bom. O André é muito bom. Mas ser muito bom não chega num país liderado por medíocres. E é este o drama da geração do André. Esqueçam esse eufemismo da “geração à rasca”. Esta é a geração sem futuro num país liderado por uma geração parida pelas “vacas gordas” do cavaquismo à qual o guterrismo deu de mamar. É esta, sim. É esta a geração que mostrou o rabo indignada contra o aumento de meia-dúzia de tostões nas propinas. Tão rebeldes que eles eram.

Chegou ao poder a geração do “baixa as calças”, a geração jota. É a mesma coisa. Quando não havia emprego, sobrava o partido. Quando não havia partido, sobrava o amigo do partido, ou uma sociedade de advogados. E foi andando assim, nos anos loucos do Portugal do “Progresso” de Cavaco Silva, ou no país da “Razão e Coração” de Guterres. Foi-se o Progresso, ficou o monstro do Estado cheio de parasitas. Faltou a razão e o coração começou a vacilar. Já instalada nos corredores do poder, a geração habituada a baixar as calças, indignada claro, calou-se e deixou-se embalar. O poder… O poder ali tão perto.

Hoje, é a geração que cresceu no tempo das “vacas-gordas” que vem falar de flexibilização laboral. Que fale. Que avance para a reforma do mercado de trabalho, sem medo, mas que entenda que isso só faz sentido se for para proteger os “Andrés” deste país. O problema é que a geração do poder, habituada a baixar as calças, fala pelos livros: leu por aí qualquer coisa sobre isso. Sopraram-lhe.

É disso que os abutres gostam: de quem baixa as calças e não sabe muito bem do que fala. É aqui que mora o perigo.

A reforma da legislação laboral deve ser feita em nome dos miúdos como o André e não para desafogar empresas que em dez anos acumularam mais de 500 milhões de lucro. O ponto de honra tem de ser outro: valorizar o mérito e conceder oportunidade a quem mostra que tem valor. Dói? Vai doer a alguém, claro. Vai doer a quem está há anos encostado, por preguiça, a fazer os serviços mínimos na empresa, a quem não acrescenta valor, a quem não veste a camisola, nem está disposto a inovar e a tentar fazer diferente todos os dias. A esses vai doer. Que doa!

Essa reforma deve ser feita tendo por base a ideia de que um estagiário como o André, brilhante, depois de seis meses a pagar para trabalhar, não pode não ser absorvido por uma empresa que dá nove milhões de lucro. Não pode. Doa a quem doer. Se para isso é preciso flexibilizar o despedimento do medíocre, do preguiçoso, do incompetente, vamos a isso. Um país que desperdiça a geração do André é um país condenado. Estes miúdos já não exigem um emprego para a vida. Querem apenas uma oportunidade.

Bem, deixemo-nos de utopias. Quando o poder é financeiro e os líderes medíocres, já toda a gente percebeu onde é que isto vai parar. Os deputados que alteram a Lei trabalham nas sociedades de advogados que prestam serviços às empresas interessadas em despedir. Está tudo dito. Um pouco como o contrato da barragem do Tua. O ministério do Ambiente tutela parte do processo e o contrato de concessão com a EDP, que pressupõe uma indemnização de quase 100 milhões de euros em caso de quebra, tem sido seguido pela antiga firma de advogados da ministra.

Deixemo-nos de utopias, de facto. Esta será mais uma reforma perdida para a maioria. O André continuará a enviar currículos. As empresas vão aproveitar a crise e a Lei. Um dia, o André acordará cansado e sem forma de continuar a trabalhar de borla em nome do sonho. Ou emigra, ou acaba na caixa do hipermercado para pagar a renda da casa que partilha com os amigos. “Não há drama”, grita a geração do poder. Pois não. Nem futuro.